Não para organizar actividades culturais e sociais, como anteriormente, mas para resgatar parte do viveiro que começava a nascer na casa e que a desastrosa acção de despejo, ordenada pela vereadora Helena Roseta e executada pela polícia municipal com o apoio da PSP, deixou para trás.
A Helena Roseta temos a dizer:
Depois das afirmações que fez, usando famílias carenciadas como pretexto para impor uma injustificável - por impossível de tornar justa - acção de despejo, não tínhamos grande esperança que mostrasse maior consideração pelas plantas que estavam na casa e que eram parte de um viveiro que começava a nascer. Uma vez consumado o despejo, a nenhuma autoridade lhe ocorreu que as plantas, deixadas à solidão e secura da casa, acabariam por morrer. Talvez considere esta uma pequena questão simbólica, mas são as pequenas acções que fazem grandes os carácteres. O seu tem dimensão apenas suficiente para se acoitar num gabinete esconso.
À polícia municipal, à PSP e aos respectivos agentes, temos a dizer:
Lamentamos que as vossas instituições sejam usadas para fins pouco nobres, que em nada contribuem para uma cidade de Lisboa com mais vida, socialização e solidariedade, Antes pelo contrário, são vocês quem activa e coercivamente faz cumprir ordens que fazem de Lisboa a cidade que ela é neste momento: vazia, abandonada e em ruína em muitos casos, gentrificada e descaracterizada noutros.
Os agentes que despejaram a casa de S. Lázaro, ao deixarem para trás parte do viveiro que começava a tomar viço, são o exemplo acabado dos comportamentos que desejamos ver desaparecer desta cidade. Desrespeito e insensibilidade mostradas pela Vida, numa espécie de cara-metade da esterilidade asfaltada que povoa a maior parte das nossas ruas e avenidas. Mas por debaixo do asfalto está a terra, por detrás de cada agente um indivíduo. Por isso:
Para aqueles agentes que acham por bem as ordens emanadas de poderes demagógicos e corruptos, temos apenas a acrescentar que vos consideramos peça activa e integrante do actual estado de coisas e como tal impedimento à construção de uma cidade de Lisboa mais bela. Pugnaremos para que possam deixar o quanto antes de ser essa peça e que o vosso feio retrato comece ao pouco a revelar tons mais luminosos.
Para outros agentes, aqueles que entre-dentes nos sussurram que não concordam com a ordem mas têm que profissionalmente a cumprir, dizemos que têm alternativa. Essa alternativa pode não ser fácil, mas é melhor do que trabalhar impondo ordens com as quais não se concorda e que no final degradam e desumanizam os próprios agentes que as fazem cumprir. À injustiça há que dizer não, primeiro deixando de dela ser veículo, depois opondo-se-lhe directamente.
A todos queremos dizer:
Voltámos a entrar na casa, para resgatar as plantas. Com sol e água voltaram as suas folhas a exibir a vitalidade que uma semana de abandono na casa emparedada lhes tinha roubado. São assim um símbolo para esta cidade. Por muitos anos que tenha passado meia emparedada, é sempre possível voltar a exibir todo o seu fulgor. Basta para isso uns quantos jardineiros dedicados. Para isso cá estamos e para isso vos convidamos.
Ass: Solidários com São Lázaro
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